Coluna Mulher – 13.04.2025 – Reconstruindo Sorrisos e Vidas

Por Viviane França(*)

Reconstruindo Sorrisos e Vidas

Neste mês de abril foi sancionada a Lei nº15.116, que institui o Programa de Reconstrução Dentária para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, garantindo o a tratamento odontológico especializado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Se, por um lado, esta é uma importante conquista, por outro, é também um triste e necessário alerta para nossa sociedade. Afinal, chegamos a um nível em que precisamos remediar, institucionalmente, as consequências brutais da violência contra as mulheres.
A existência dessa lei escancara uma realidade alarmante: as agressões domésticas são tão recorrentes e severas que é preciso criar políticas públicas específicas para lidar com as sequelas físicas e emocionais causadas por esses atos. De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2024, mais de 1,2 milhão de mulheres foram vítimas de violência doméstica no país. Em mais de 60% desses casos, os ferimentos concentram-se na face, atingindo diretamente a autoestima e dignidade dessas mulheres.
A violência contra a mulher não deixa apenas cicatrizes físicas visíveis. Suas marcas vão além, afetando profundamente a saúde emocional, psicológica e social das vítimas. Perder dentes, ter o rosto deformado ou sofrer lesões que afetam diretamente o sorriso gera um impacto devastador na autoestima feminina, minando a confiança e dificultando ainda mais a recuperação emocional e social dessas mulheres. Muitas deixam de sorrir, evitam interações sociais, escondem-se por vergonha e medo de julgamentos, reforçando um isolamento social imposto pelo próprio agressor.
A lei chega como um e essencial para essas mulheres reconstruírem não só suas arcadas dentárias, mas também suas vidas. O tratamento odontológico pelo SUS incluirá reconstruções, próteses, tratamentos estéticos e ortodônticos, representando uma oportunidade concreta de restaurar não apenas a saúde bucal, mas principalmente a autoestima e a dignidade perdidas com as agressões. Ao recuperar seu sorriso, essas mulheres recebem também uma importante ferramenta para retomarem o controle de suas vidas, resgatando a capacidade de interagir plenamente na sociedade.
Mas é preciso que fique claro que esta legislação, por mais valiosa que seja, trata as consequências, não a causa. É urgente que a sociedade reflita sobre o motivo de termos chegado ao ponto de precisar institucionalizar a reconstrução dos rostos e sorrisos destruídos pela violência doméstica. Precisamos questionar profundamente as estruturas sociais que ainda perpetuam comportamentos violentos e machistas, exigindo mudanças reais que vão muito além do reparo físico das vítimas.
Em Contagem, temos concentrado esforços na ampliação da rede de proteção à mulher. No mês de março, a Prefeita Marília anunciou a criação da Secretaria das Mulheres e Juventudes, importante o no fortalecimento das políticas públicas para a mulher. O Programa Elo por Elas segue essa diretriz e, atualmente, é levado às igrejas evangélicas, locais onde identificamos altos índices de violência de gênero. Devido à capilaridade dessas instituições religiosas e à sua capacidade de alcançar diretamente as mulheres, o programa representa um braço fundamental na luta contra a violência.
A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, reforça que a implementação dessa política é parte do compromisso do governo em garantir dignidade e segurança às vítimas. Contudo, é igualmente importante reconhecer que enfrentar a violência doméstica requer esforço coletivo, mobilização social, conscientização e educação, para que não tenhamos que continuar remediando situações absurdas e desumanas como estas.
Essa nova lei deve servir como um poderoso lembrete diário para que nossa sociedade não normalize a violência contra as mulheres. É essencial mantermos aceso o debate sobre a responsabilidade coletiva que temos em romper esse ciclo perverso de agressões. Assim, quem sabe, no futuro, não precisaremos mais de leis para reconstruir o que jamais deveria ter sido destruído.

*VIVIANE FRANÇA é Mulher, Advogada, Pesquisadora, Mestre em Direito Público, Especialista em Ciências Penais, autora do livro Democracia Participativa e Planejamento Estatal: o exemplo do plano plurianual no município de Contagem. Secretária de Defesa Social de Contagem/MG, Sócia do França e Grossi Advogados.

COLUNA EDUCAÇÃO – 20.10.2024 – ‘Outubro Rosa’ nas escolas, precisamos falar

Outubro é conhecido mundialmente como o mês para campanhas de prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. Uma temática importante para as mulheres, mas pouco vemos a abordagem do Outubro Rosa nas escolas.

Em Goiás, por exemplo, recentemente foi aprovada uma lei que estende a campanha do Outubro Rosa nas escolas da Rede Pública Estadual (“Art 2º A – Fica instituída a “Campanha Outubro Rosa na Escola”, que tem como objetivo divulgar e incentivar a prevenção do câncer de mama entre a população feminina, de maneira que as meninas e adolescentes, alunas da rede pública estadual, incentivem familiares a realizarem os exames preventivos”.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que cerca de 66.000 mulheres desenvolverão câncer de mama a cada ano entre 2020 e 2022. O mesmo instituto estima ainda que essa seja a segunda maior causa de mortalidade entre as pacientes.

Apesar de ser um assunto delicado, muitos defendem a necessidade de ser falado em sala de aula, ajudando alunos e professores a se conscientizarem, a compreenderem e acompanharem amigos e familiares.

Vale, portanto, uma reflexão: quantas crianças e adolescentes estão ando por isso entre seus familiares, mas não sabem lidar? Ou ainda, quantas delas poderiam ter ajudado sobre a prevenção para suas parentes mais próximas se tivessem aprendido ainda cedo?

Infelizmente, essa pode ser a realidade de muitas crianças e adolescentes. E a escola, enquanto um espaço de acolhimento e educação, deve e precisa promover mais campanhas de conscientização, de forma que incentive seus familiares a também participarem.

Assim, observa-se a importância da campanha dentro e fora da escola, como forma de ajudar alunos e professores não apenas a proteger suas famílias, mas também suas próprias vidas.

Sugestões de atividades

Primeiramente, as escolas devem realizar programas especiais para informar aos alunos sobre como as taxas de sobrevivência aumentam por meio da detecção precoce. Para isso, podem ser utilizados cartazes e folders para distribuição. Além de usar totens por todo o espaço escolar.

Além disso, é possível realizar algumas atividades didáticas, de acordo com as matérias do currículo escolar. Veja a seguir:

– Em Artes: Peça que os alunos produzam as fitas rosas para que possam usar durante o mês. E ainda, realize atividades que seja preciso a produção de cartazes como os dados, diagnóstico e muito mais;

– Na Redação: Incentive seus alunos a produzir uma redação com a temática do Outubro Rosa, ao longo do mês você pode ir apresentando pesquisas e informações que possam enriquecer a produção textual deles;

– Na Educação Física: Crie atividades esportivas para todos os alunos, de forma que estejam relacionadas com a prevenção.

Para além das atividades curriculares, você pode incentivar os alunos a serem solidários com a causa por meio de outros projetos, como levar o material que foi produzido em sala para casa  ou realizar um Bazar Rosa beneficente na escola, e doar lenços para pessoas em quimioterapia.

Por fim, podemos dizer que o Outubro Rosa é uma causa muito importante e é fundamental ter nas escolas, incentivando os alunos a serem agentes ativos de uma campanha que pode salvar a vida de tantas pessoas.

Essa é uma forma de engajar e educar os alunos numa causa importante, não só no currículo escolar, mas também por meio de projetos sociais.

(*)Luzedna Glece

Diretora proprietária do Colégio Avançar/CEIAV- CEIAV; Vice-presidente Câmara da Educação Infantil ACIC. Uma das fundadoras do Unidas Transformando Você. Colunista da Educação do Jornal O Folha. Formação: graduada em Pedagogia com licenciatura em Orientação, Supervisão, Séries Iniciais e istração Escolar; pós-graduada em Psicopedagogia Clínica, Licenciatura em Magistério e Graduação em Neurociência; palestrante de temas voltados às áreas de Educação, Motivação, Relacionamentos Interpessoal e Intrapessoal; estudiosa com trabalhos reconhecidos sobre o tema Bullying; experiências profissionais: professora das séries iniciais e do curso de pedagogia, coordenadora, orientadora, diretora de redes particulares de ensino, supervisora, orientadora diretora regional do Sistema FIEMG.